terça-feira, 24 de agosto de 2010

i miss you, grandpa.


A dor que me provoca, só de pensar naquela noite. Naquele telefonema. Só de pensar no que sofreste. A dor que provoca quando penso que tu saíste daquela casa, mas já não entraste. A dor que provoca ao ter-te visto sair e eu não ter ido contigo. A dor que provoca ao nem ter-te dado um beijo, nem ter-te dito adeus, pela última vez. Eu não sabia, não podia saber. Mas desconfiava. A dor que provoca ter-te visto já sem vida, deitado. A dor que provoca ao lembrar-me do que senti quando te toquei na mão e encontrei-a gelada, eu senti-me desmaiar por dentro... A dor que provoca ter visto a avó chorar. A dor que provoca lembrar-me do grito dela, a gritar por ti... A dor era tanta que eu nem me levantei. Deixei-me ficar sentada na cama, enquanto as lágrimas caiam... A dor que provoca lembrar-me do quanto era doloroso entrar naquela casa e encontrar tudo vazio. O teu quarto. A tua cama. O cheiro a tabaco desaparecera e a televisão estava desligada. Demorou ainda até conseguir entrar naquela casa sem sentir medo... Medo de olhar para onde tu estavas sempre e não te encontrar. Já não sentia as pombas a baterem asas, já nem lhes via as sombras. Elas percebiam, foi como se tivessem perdido parte de si. Pareciam estar tristes... e a avó nunca mais as soltou. Eras tu que cuidavas delas, tinhas um amor imenso por aquelas aves. A dor que provoca agora entrar na tua casa e estar já habituada a não te ver. A dor que provoca eu desejar que não tivesses ido, mas esse desejo nunca se cumpre. A dor que provoca eu querer que estivesses presente na minha vida, mas não estás...
Há muito tempo partiste. Nem me dou conta que os anos estão a passar depressa demais. Hoje decidi escrever-te. Às vezes penso tanto em ti, meu velhote.
Ainda me lembro quando me pedias para dançar. Das tuas gargalhadas alegres ao veres-me como uma barata tonta no quintal, a dançar sem sentido nenhum.
Como tenho saudades disso... Fico com um nó na garganta só de pensar... Apetece-me chorar.
Lembro-me de ti, sentado na cama com a televisão aos berros. Hoje entro na tua casa e a cama está vazia. São tudo apenas recordações...
A avó sente tanto a tua falta, pede muitas vezes para ir para junto de ti...
E será, que um dia nos vamos reencontrar? Gosto de pensar que sim, que um dia quando chegar a minha vez vais lá estar de braços abertos, gosto de pensar que me ouves quando falo mentalmente contigo... será que ouves?
Será que no sitio onde estás sentes as minhas saudades, será que me sentes triste e cuidas de nós?
Ainda me lembro como se fosse hoje o dia em que nos deixaste...
Estávamos a dormir quando recebemos o telefonema do hospital a dizer que o teu sofrimento acabara...
Vi a minha mãe a abraçar a avó e só conseguia pensar que era impossível... não podias ir... não naquele dia...
Mas depressa vim à realidade e as lágrimas começaram a correr-me pela cara... só de pensar que não estarias mais aqui para me alegrar, para eu te alegrar.
Hoje pergunto-me, será que estás nesse sitio, será que é mesmo assim como eu teimo em acreditar? Espero que sim.
Um dia voltaremos a encontrar-nos. Espera por mim, sim?
A mãe não me pareceu de muito bom agrado ao ler isto. Não consegui decifrar a sua expressão. Não sei se ficou feliz ou não... Mas não interessa, eu tinha que te dizer isto. Tenho muitas saudades tuas...
Amo-te meu velhote, daqui até à Lua!

I wasn't even ready to say goodbye...
ps. desculpa avô, o fotografo era péssimo.

19 comentários:

Sara Martins disse...

que lindo +.+ também vou seguir :)

Anónimo disse...

tocou m est texto:S


eu n m imaginaria perder alguem bastant important..mas e lei da vida :S

forçaaa

Catarina disse...

Está lindo este texto. Escreves muito bem. (:
Identifico-me bastante com ele, porque também costumo escrever para a minha avó. São apenas palavras redigidas, mas parece que eles nos ouvem mesmo e nós ficamos mais felizes, calmas e descansadas por isso (eu pelo menos acho).
Gostei muito do teu blog, também te vou seguir. Obrigada pela visita ao meu e por o seguires! (:

RuteRita disse...

Está tão lindo $:

Fátima Silva disse...

» como eu te compreendo :c o mais doi e nao ter.mos tido tempo para um ultimo adeus, um ultimo beijo, um ultimo abraço, um ate ja :|

Anónimo disse...

Está tão profundo o texto.
tocou-me mesmo :x
mas sabes amor, tenho a certeza que o teu avô sabe que todos que o amam sempre irão amar, e ele também vos vai amar..
porque um amor nunca acaba, e logo um amor de familia que é tão bonito :l

Vera Silva disse...

está lindo
Vou seguir =)

Sofia Machado disse...

Escreves muito bem, dá perfeitamente para perceber aquilo que sentes. Também eu já senti o mesmo... Talvez por isso este texto me tenha tocado bastante.

Parabéns pelo blogue*

Sara Martins disse...

obrigada eu :)

Anónimo disse...

mas oia q m tocou est texto:S

te m veio as lagrimas a forma como escrevias!

perder alguem q nos e poximo e semp doloroso:S

e verdd sao questoes q nunca sabemos as respostas:S enfim msm ne?

bigada pela markinha:D

vou seguir semp o teu:p

Andreia Morais disse...

Perder alguém é sempre doloroso, ainda para mais quando são eles, que são como segundos pais, que nos confortam, que nos amparam.
Compreendi cada uma dessas palavras. Ainda recentemente tive de viver um processo semelhante. Faz parte da vida, mas isso não atenua a dor e não contém as lágrimas.
O tempo passa muito rápido, mas há sempre uma parte de nós que fica vazia, mas ele estará sempre a olhar por ti e esperará por ti até quando for hora de estarem novamente juntos.
Força

Obrigada por seguires, vou fazer o mesmo

Andreia Morais disse...

É muito injusta mesmo, porque nos leva quem menos queremos e quem menos merece partir. Ninguém vive eternamente, mas podiam deixá-los viver mais um pouco connosco.
Eu perdi o meu há 14, mesmo no dia dos meus anos, sei que só tinha quatro anos e que as memórias que me ficam são poucas, mas é uma das pessoas que me faz mais falta, uma das que eu mais queria conhecer e era tão bom se o tivesse aqui comigo porque, como me conta a minha mãe, eu era a menina dos olhos dele e eu gostava de o ouvir dizer isso.


Não tens de agradecer, ora essa

Andreia Morais disse...

Sim, é muito doloroso e, embora ainda fosse pequenina, há imagens que não se apagam.
Há dias em que as saudades apertam mais, mas gosto quando a mim mãe me conta estas coisas, é como se o sentisse mais perto

Kutxii disse...

Obrigada eu também!
Tens um blog lindo mesmo :)

Caroline Pinheiro disse...

Tyshinha.. Esse texto, foi lindo. Vê-se que amavas o teu avô. Adoro a maneira que tu escreveste, de coração e alma neste texto. Texto esse, que tu maravilhaste com as tuas simples e abertas palavras. Eu admiro-te. Sim, admiro-te. Admiro-te por ainda amares o teu avô, e de te lembrares dele, como se fosse ainda tivesse vivo. Admiro-te por teres coragem de exprimir, seja o que for. Admiro-te por, mesmo sendo uma criança inocente, poderes amar da mesma maneira uma pessoa, como agora. Admiro-te linda <3 Tenho saudades tuas* I love you*** Beijo*

Carolina*

- Sílvia ♔ disse...

- como sempre, adorei o post +.+

Anónimo disse...

obrigada por seguires (:
- o post está de mais mesmo, adorei *-*

Kayra Biskowski. disse...

esta lindo, chorei imenso a ler isso. sei o que é a dor de perder alguém, ja perdi várias s: força!

Sentimentos Escritos ♥ disse...

- amei o texto...
- eu sei o quanto custa não disser o último adeus e receber uma chamada a dar uma noticia tão má como essa, com o meu avó que eu vivia desde nascença com ele, foi da mesma maneira
- o quanto eu te percebo

:C

ps. vou seguir o blog amei-o mesmo