sexta-feira, 5 de junho de 2009

DeaD

foto/edição/modelo - eu ; texto - eu


Escrito por mim, á bocadinho..


Estou morta. Pelo menos é assim que me sinto.

Vagueio pelo abismo, escuridão que me avassala.

Nem um pingo de sangue corre em mim.

Estou vazia, completamente vazia.

Minhas veias secaram, meus olhos – antes cobertos de lágrimas – já não choram mais.

Caminho em direcção a não sei onde. É longe, ao fundo só o nevoeiro é visivel.

Estou cansada de andar. O abismo é enorme. Estou assustada, o meu corpo treme. No entanto, não existe sangue em mim, sequei.

Sequei, porque o teu amor secou. E deixaste-me aqui, outra vez, sozinha. No vazio. No abismo. E eu caminho... Á procura da luz. Á procura do teu amor... Oiço tua voz, lá ao fundo. Mas reconheço-a. Reconheço-a melhor do que a minha propria voz. A tua voz grave, entoando na minha cabeça. Tento apagar a ultima imagem que tenho de ti, segurando na mão uma faca. Tento apagar aqueles ultimos momentos em que senti dor, em que chorei, e tento deixar ficar só os bons momentos... Mas neste instante vejo na minha memória o meu sangue, naquele chão frio. O meu corpo quase sem vida. Os meus olhos cheios de lágrimas. O meu gemido de dor. A tua cara, ao olhares para mim, com um sorriso satisfatório. Já tinhas o que querias. A minha morte.

Enquanto estes pensamentos invadem minha mente, continuo caminhando. O abismo torna-se cansativo, longo caminho a percorrer. E, pelos vistos, vou levar muito tempo a caminhar.

Lembro-me dos meus ultimos momentos. Foram de dor, numa batalha forte contra ti, para poupares a minha vida. Perseguiste-me e, quando tiveste a tua oportunidade, deitaste-me abaixo.

Supliquei-te mas tu nem me ouviste...

O nevoeiro torna-se cada vez mais denso.. e eu continuo sem perceber porque raio estou aqui, que te tinha feito eu de tão grave para merecer isto?

A tua voz torna-se mais clara... oiço-a como se estivesse mais perto... e mais perto...

Tento abstrair-me dos meus mórbidos pensamentos, daqueles flashbacks horriveis, mas simplesmente é-me impossivel.

Caminharei para sempre no abismo, acabei por me aperceber disso. Nunca mais daqui sairei. Mas, no entanto, continuarei á procura de uma luz, do teu amor... para um dia ter a minha vingança e fazer-te o mesmo... que me fizeste a mim. Mataste-me. E com a mesma faca que cravas-te no meu coração vais morrer, porque eu a cravarei no teu. Sentirás teu corpo a tornar-se gelado. Verás teu sangue no chão frio. Não vais perceber nada. Chorarás, verás teu corpo no chão quase sem vida, mas tuas lágrimas vão secar. E caminharás no abismo, á procura da tua vingança. E até que o ciclo repete-se...