quinta-feira, 26 de agosto de 2010

I'm a fake.


Small, simple, safe price.
Rise the wake and carry me with all of my regrets.
This is not a small cut that scabs, and dries, and flakes, and heals.
And I am not afraid to die;
I'm not afraid to bleed and fuck and fight,
I want the pain of payment.
What's left, but a section of pygmy sized cuts.
Much like a slew of a thousand unwanted fucks.
Would you be my little cut?
Would you be my thousand fucks?
And make mark leaving space for the guilt to be liquid.
To fill and spill over and under my thoughts.
My sad, sorry, selfish cry out to the cutter.
I'm cutting trying to picture your black, broken heart.
Love is not like anything,
Especially a fucking knife!

~ The Used.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

i miss you, grandpa.


A dor que me provoca, só de pensar naquela noite. Naquele telefonema. Só de pensar no que sofreste. A dor que provoca quando penso que tu saíste daquela casa, mas já não entraste. A dor que provoca ao ter-te visto sair e eu não ter ido contigo. A dor que provoca ao nem ter-te dado um beijo, nem ter-te dito adeus, pela última vez. Eu não sabia, não podia saber. Mas desconfiava. A dor que provoca ter-te visto já sem vida, deitado. A dor que provoca ao lembrar-me do que senti quando te toquei na mão e encontrei-a gelada, eu senti-me desmaiar por dentro... A dor que provoca ter visto a avó chorar. A dor que provoca lembrar-me do grito dela, a gritar por ti... A dor era tanta que eu nem me levantei. Deixei-me ficar sentada na cama, enquanto as lágrimas caiam... A dor que provoca lembrar-me do quanto era doloroso entrar naquela casa e encontrar tudo vazio. O teu quarto. A tua cama. O cheiro a tabaco desaparecera e a televisão estava desligada. Demorou ainda até conseguir entrar naquela casa sem sentir medo... Medo de olhar para onde tu estavas sempre e não te encontrar. Já não sentia as pombas a baterem asas, já nem lhes via as sombras. Elas percebiam, foi como se tivessem perdido parte de si. Pareciam estar tristes... e a avó nunca mais as soltou. Eras tu que cuidavas delas, tinhas um amor imenso por aquelas aves. A dor que provoca agora entrar na tua casa e estar já habituada a não te ver. A dor que provoca eu desejar que não tivesses ido, mas esse desejo nunca se cumpre. A dor que provoca eu querer que estivesses presente na minha vida, mas não estás...
Há muito tempo partiste. Nem me dou conta que os anos estão a passar depressa demais. Hoje decidi escrever-te. Às vezes penso tanto em ti, meu velhote.
Ainda me lembro quando me pedias para dançar. Das tuas gargalhadas alegres ao veres-me como uma barata tonta no quintal, a dançar sem sentido nenhum.
Como tenho saudades disso... Fico com um nó na garganta só de pensar... Apetece-me chorar.
Lembro-me de ti, sentado na cama com a televisão aos berros. Hoje entro na tua casa e a cama está vazia. São tudo apenas recordações...
A avó sente tanto a tua falta, pede muitas vezes para ir para junto de ti...
E será, que um dia nos vamos reencontrar? Gosto de pensar que sim, que um dia quando chegar a minha vez vais lá estar de braços abertos, gosto de pensar que me ouves quando falo mentalmente contigo... será que ouves?
Será que no sitio onde estás sentes as minhas saudades, será que me sentes triste e cuidas de nós?
Ainda me lembro como se fosse hoje o dia em que nos deixaste...
Estávamos a dormir quando recebemos o telefonema do hospital a dizer que o teu sofrimento acabara...
Vi a minha mãe a abraçar a avó e só conseguia pensar que era impossível... não podias ir... não naquele dia...
Mas depressa vim à realidade e as lágrimas começaram a correr-me pela cara... só de pensar que não estarias mais aqui para me alegrar, para eu te alegrar.
Hoje pergunto-me, será que estás nesse sitio, será que é mesmo assim como eu teimo em acreditar? Espero que sim.
Um dia voltaremos a encontrar-nos. Espera por mim, sim?
A mãe não me pareceu de muito bom agrado ao ler isto. Não consegui decifrar a sua expressão. Não sei se ficou feliz ou não... Mas não interessa, eu tinha que te dizer isto. Tenho muitas saudades tuas...
Amo-te meu velhote, daqui até à Lua!

I wasn't even ready to say goodbye...
ps. desculpa avô, o fotografo era péssimo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

alma breve


... na vida há um travo de trevas
e das trevas vai irromper um trevo
com quatro folhas de trova...

lembro o calor
com que desfloraste,
o terreno fértil
dos meus sentidos.

reinvento as notas
desta pauta inacabada:
alma breve
difusa, semifusa
compassos em desacordo
de balada em tom menor.

e é nas curvas
e intervalos desse som
que me revejo:
frágil... mas inteiro.

condenado a ser livre
na busca incessante
do acorde perdido.

prisioneiro da estranha alegria
de te saber presente
música, amante primeira
terna e eterna companheira
de todas as horas...
segredos
e silêncios.

se um dia te fores,
quem será o último a apagar a luz?